terça-feira, 2 de março de 2010

A Formação do Profissinal na Educação Fisica "Formação Tradicional e Cientifica


Buscando relacionar a ação pedagógica do professor à sua formação profissional, Darido identificou dois tipos de formação: aquela tradicional, voltada à valorização da prática esportiva em detrimento de outras práticas educativas, valorização da competição e da performance, e outra mais científica, a qual enfatiza a teoria e o conhecimento científico derivado das ciências-mães.

No primeiro tipo de formação parece não haver dúvidas quanto à prática pedagógica dos professores, pois ambos coincidem quanto aos valores.

O papel do professor é bastante aproximado ao papel do treinador.

Ele seleciona e organiza os conteúdos, a metodologia e a avaliação, ele é disciplinador, ou seja, ele é “um treinador que vigia, dirige, aconselha, corrige” Château.

Além disso, ele mantém relações impessoais com os alunos, com o objetivo de garantir a sua autoridade.

No entanto, na formação mais cientifica, a qual tenta corrigir as falhas detectadas na formação dita tradicional, os resultados da prática não se apresentaram muito bem, pois, de acordo com Lawson “os conhecimentos derivados das ciências-mães não chegaram a influenciar definitivamente a prática”, ou seja, os conhecimentos adquiridos, por exemplo, em disciplinas como Fisiologia do Exercício, Aprendizagem Motora ou Sociologia não são utilizados pelos professores em suas aulas, ficando sua prática pedagógica atrelada ainda aos esportes tradicionais, ao gesto técnico ou à postura

acrítica.

Além disso, Betti também citando Lawson, aponta para mais duas considerações a esse respeito.

Em uma delas, ele relata que não há garantia de que o conhecimento produzido nas subáreas de pesquisa, supracitadas, possa ser transportado para os diversos locais onde ocorre a prática profissional, pois suas características podem ser variadas e complexas, ou seja, não é possível generalizar esse conhecimento para a prática pedagógica do professor, pois o contexto da prática não pode ser controlado. Na outra consideração o autor relata que:

Profissionais não pensam, agem ou falam como pesquisadores; profissionais e pesquisadores trabalham em diversas comunidades epistêmicas; pensam e agem de maneira diferente porque tiveram diferentes experiências de socialização, além de serem diferenciadas as exigências das suas carreiras profissionais e as demandas no seu trabalho. A própria linguagem da pesquisa e do conhecimento científico – formal e codificada – não é a mesma linguagem da prática profissional – cotidiana e informal.

Conseqüentemente, esse tipo de formação não garante que o papel do professor, o qual deveria estar centrado na preocupação com o desenvolvimento global do ser humano em todos os seus aspectos, esteja sendo cumprido. Lorenzeto acredita que isso pode estar ocorrendo, provavelmente, porque aquelas disciplinas destinadas a valorizar o ser humano não estão sendo abordadas de maneira adequada, ou seja, a

Psicologia, a Filosofia e a Sociologia:

apresentam programas cujos objetivos e conteúdos preocupam-se mais com fatos históricos e metodológicos do que propriamente com a problemática das relações humanas, entremeadas pelo medo, pela desconfiança, pela vaidade, pela coragem, pela covardia, pela agressividade, pela empatia, pela alegria, pelo amor, pela amizade, pela esperança, pela descrença, pela responsabilidade, pela fantasia.

Portanto, dentre os objetivos de estudar o papel e o perfil do professor de Educação Física, destaca-se a busca por um tipo de formação profissional capaz de, senão sanar, ao menos amenizar os problemas

expostos acima.

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